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21 de novembro de 2015

Empresária vendia verduras nas ruas e hoje faz sucesso na construção civil

Empresária (do lado direito) ao lado dos funcionários de filial da loja Elos Materiais de Construção
(Foto: Reprodução/Facebook) 

Pelas ruas da Capital, a empresária Eliza Goya Kohatsu deu os primeiros passos como empreendedora. À época, com 8 anos, ela negociava as hortaliças produzidas pelo pai dela. Pouco tempo depois, trocou o verde das folhas pelo cinza dos cimentos e materiais de construção, produtos que comercializa até hoje.

Nessa trajetória, marcada pela persistência, ela afirma ter aprendido ao menos duas coisas: "tudo pode virar negócio, tudo é empreendimento".

Ela é proprietária de duas lojas de materiais de construção, uma localizada na Rua Pernambuco e outra na Mata do Jacinto e mantém alguns hábitos que adquiriu na infância e a fizeram chegar onde está.

"Acordo, faço minhas orações. Chego aqui às 6h e se não tiver ninguém para limpar, eu varro. Depois vou lá com os funcionários para organizar e contar o estoque. Eu olho tudo, até se o funcionário não está atendendo bem. Meu marido sempre está aqui, mas ele é tranquilo não é como eu".

Uma situação em que a inquietação de Eliza ficou evidente foi quando decidiu ampliar a oferta de produtos na loja que até então vendia apenas cimento. "Meu marido falou que seria uma preocupação a mais, mas cimento era pouco pra mim. Eu queria mais e disse pra ele: 'eu quero ter essa preocupação".

Na ocasião, seria necessário derrubar algumas paredes da loja. E ela fez isso, com a ajuda dos filhos. "Meu marido me disse que no outro dia terminaria, mas quando ele chegou as paredes já estavam derrubas e o entulho todo recolhido", brinca.

COMO TUDO COMEÇOU 

Esse jeito ativo é uma característica de Eliza desde a infância. Ela conta que nunca foi obrigada a trabalhar, mas tomou essa decisão para contornar a situação que a incomodava: a falta de dinheiro da mãe dela. "Trabalhava de segunda à segunda. Acordava às 6h, voltava lá pelas 11h, tomava banho e ia para escola. A partir daquele dia, minha mãe nunca mais ficou sem dinheiro", relata orgulhosa.

"Primeiro colocava (as verduras) em uma bacia, tenho até vergonha de falar, mas fui evoluindo e comprei uma cesta". E para garantir as melhores hortaliças para os clientes que conquistava nas ruas, ela precisava ser esforçar. "Acordava mais cedo que o pai para pegar as mais bonitas. Eu cortava escondido dele".

Em um desses dias de trabalho, Eliza foi roubada, mas nem isso a fez desanimar. Na ocasião, ela foi abordada por ciganos que tomaram as verduras e o dinheiro dela. "Você passa por tudo. Aconteceu, mas nem por isso eu desisti. Eu pensei, tenho que ficar mais esperta da próxima vez".

E ela conseguiu se concentrar ainda mais no trabalho até que começou a negociar com um mercado da cidade, quando para vencer a concorrência dos grandes produtores de hortaliças, ela chegava duas horas antes do estabelecimento abrir para organizar os expositores, mesmo sem receber pelo serviço. "Como eles compravam de grandes produtores eu pensava 'eu vou fazer o diferencial'".

Aos 14 anos, ela começou a trabalhar em uma feira, usando o dinheiro que sobrava para construir o próprio sacolão. Nesse período, ainda era difícil comprar cimento na cidade. "Eu tinha que ir até o vagão de trem, junto com a minha irmã, para comprar direto da indústria".

Ela percebeu a possibilidade de negócio e investiu e não se arrepende. "Sem cimento a obra para, então criei uma logística para entregar em até duas horas para o cliente". Para quem também pensa em empreender ela diz: "Não é fácil, mas tem que ser guerreiro. Tem dias que dá uma preguiça, vontade de ficar em casa, mas não pode parar".

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